• Paradoxo

    O guardião

    A primeira vez que tive consciência de ti eras novinho em folha, acabado de nascer, cheio de brilho e promessas. De paredes imaculadas que refletiam a luz do sol de forma radiante. À medida que o tempo passava, vivenciaste contextos e experiências. A cada novo conteúdo deixavas um pouco de ti mesmo e absorvias nuances e histórias. Conforme os anos avançavam, as paredes desgastavam-se e as marcas de uso tornavam-se evidentes. Ficaste envelhecido e marcado pela passagem do tempo. Permanecendo sempre neste local, foste testemunha do crescimento ao teu redor. Viste pequenas plantas brotarem e crescerem ao sol, com as suas folhas verdes a estenderem-se na busca da luz. Os…

  • Dilemas

    Uma abelha honesta e poupada a assombrar o capitalismo

    No crepúsculo de mais um dia, enquanto procuro o melhor enquadramento para um Buda corpulento que afortunadamente me saiu numa rifa, sou interrompido pelo som ensurdecedor de um enxame de atarefadas abelhas que, aproveitando os últimos raios de sol, estabelecem uma relação mutualista com uma das tangerineiras do quintal. Estão numa espécie de banquete onde todos ganham no fim de tamanha agitação. Talvez inspirado pelo meu volumoso amigo que medita há alguns meses num dos cantos do jardim, e observando que algumas abelhas se moviam livremente com um diferente grau de envolvimento na relação com a árvore, notei que ali estavam presentes as teorias de dois autores que tentam explicar…