Liderança numa alcateia de cartel
Não sendo a estrutura social mais complexa, a alcateia obedece a uma hierarquia que se define pela escolha do membro que mostra mais força e capacidade de liderança. O status e o poder que são reconhecidos ao líder podem ser desafiados por outros que se achem mais capazes de manter a ordem e a coesão dentro do grupo.
Estas disputas para determinar quem são os líderes acabam por ser comuns um pouco por todo o reino animal e são a garantia de que apenas os mais fortes, hábeis e assertivos conduzem os destinos dos restantes. Os lobos que não consideram ter a capacidade para estas lutas de poder, aceitam submeter-se aos vencedores.
Este conceito tradicional de liderança tem sido, em alguns momentos, interrompido por um novo comportamento de liderança partilhada onde dois lobos podem contribuir com as suas capacidades e habilidades para o bem estar do grupo.
No reino dos lusitanos, a nobreza democrática adotou este novo comportamento das alcateias adaptando-o à sua condição de escumalha usurpadora. Assim, não os hábeis mas os habilidosos, que antes teriam de convencer o povo que eram os mais capazes antes de meter a mão no saco alheio, descobriram agora que, através de uma teia de compadrios entre grupos rivais, era possível roubar de uma forma concertada e contínua. Porquê esperar tantos anos se todos podem comer ao mesmo tempo na mesma taça?
A ladainha repete-se… vivemos tempos onde a ilusão de democracia faz parte da realidade. A nobreza combina casamentos para aumentar o património. Das instituições que deviam controlar estes abutres, uns vão a medo, os outros a mando. O povo, esse, luta por migalhas e esbarra numa parede de empobrecimento recheada de taxas e impostos para quem sonha com mais do que os restos que caem no prato.
Se se substituírem os lobos com capacidades por lobos habilidosos será de se esperar que venham, de todos os extremos, candidatos a repor a ordem e substituir o sistema em vigor por outro qualquer. Estes últimos certamente terão o apoio da alcateia que brada por justiça social e por comportamentos éticos.
Fotografia e texto: Sérgio Moreira