Sombras

O pensamento crítico e a nobreza democrática

No início do século XVII Francis Bacon dizia que “o pensamento crítico é ter o desejo de buscar, a paciência para duvidar, o empenho para meditar, a lentidão para afirmar, a disposição para considerar, o cuidado para ordenar e o ódio por qualquer tipo de impostura”. O pensamento do autor, no início do século, tornou-se fundamental para o conjunto de mudanças políticas e sociais das décadas seguintes.

Este conceito acabou por nunca mais ser abandonado, tendo sido introduzido formalmente nos perfis curriculares e amplamente adotado no mundo científico, político, empresarial e social.

Na era da desinformação e da polarização política, a capacidade crítica é essencial para que possamos questionar as razões por trás das informações que recebemos.

Em democracia, a tomada de decisão pode ser potenciada por esta capacidade. O diálogo político pode ser analisado e os argumentos avaliados para que as decisões sejam tomadas baseadas em evidências. Infelizmente, os governantes privilegiam uns grupos em detrimento de outros. Os recursos e a influência na sociedade incluem, normalmente, pessoas com poder político, económico ou social.
 

Esta “nobreza democrática” combate-se através do espírito crítico. Quando estamos dispostos a questionar a autoridade e avaliar as informações de forma objetiva, é mais difícil para os grupos privilegiados manterem a sua posição de poder. Desta forma acabámos por expor a corrupção e o nepotismo na elite política e promovemos uma sociedade mais justa e democrática.

Fotografia e texto: Sérgio Moreira