
Os prisioneiros da sociedade líquida
A partir da segunda metade do século XX assiste-se, segundo Bauman, sociólogo que contrapõe a sociedade sólida industrial à sociedade líquida do pós-modernismo, a uma transformação económica onde, numa sociedade individualista e de consumo, empresas e indivíduos têm poucas garantias de estabilidade e segurança financeira.
Creio que uma das consequências deste tipo de economia seja o encurtar do ciclo das crises naturais do capitalismo proposto por Nikolai Kondratieff bem como o acentuar das fragilidades dos laços sociais onde os indivíduos ficam cada vez mais isolados em redes de solidariedade frágeis ou inoperacionais.
Este individualismo marcado pela constante busca de satisfação pessoal leva à fragmentação social, à superficialidade nas relações e à falta de responsabilidade comunitária.
Esta ideia de procurarmos o bem comum num ambiente em que as relações sociais são efêmeras e fluidas, já nos foi apresentada por Albert W. Tucker. O autor deixa bem claro que quando ambos cooperam, ambos ganham e quando ambos traem, ambos perdem.
Enquadrando o Dilema do Prisioneiro nesta visão da sociedade, este pode ser visto como uma metáfora para as dificuldades que as pessoas enfrentam para cooperar e se relacionarem num mundo cada vez mais líquido. A falta de normas sólidas pode levar as pessoas a agirem de forma egoísta e a trair os outros em busca de benefícios pessoais. Ao mesmo tempo, a falta de confiança pode levar a um círculo vicioso em que cada um trai o outro por medo de ser traído.
No entanto, este dilema pode ser superado através de estratégias de cooperação e confiança mútua. Embora as relações sociais sejam mais efêmeras na modernidade líquida, ainda é possível construir laços de confiança e cooperação entre as pessoas. Para isso, é necessário que haja um esforço coletivo para fortalecer valores e normas compartilhados e para desenvolver estratégias de cooperação e diálogo.
Fotografia e texto: Sérgio Moreira

