A tradição
A tradição é um conceito complexo que pode ser definido como um conjunto de práticas, crenças, valores e costumes que são transmitidos de geração em geração. Ela está presente em diversas esferas da vida, como na religião, na política, na arte e na cultura em geral. Porém, em alguns casos, a tradição pode ser vista como incomportável e limitadora.
A incomportabilidade da tradição surge quando as práticas e valores tradicionais são considerados inadequados ou prejudiciais para a vida contemporânea. Isso pode acontecer quando as tradições se tornam rígidas e inflexíveis, impedindo o progresso e a inovação. Também pode ocorrer quando as tradições são contrárias aos direitos humanos e à justiça social. Por exemplo, a tradição de discriminar mulheres ou minorias étnicas é considerada incomportável numa sociedade que busca a igualdade e a inclusão. Da mesma forma, tradições que permitem a violência, a opressão e a exploração de grupos vulneráveis são vistas como inaceitáveis.
No entanto, é importante lembrar que a tradição também pode ter um papel positivo na sociedade. Ela pode ser uma fonte de identidade e de conexão com as raízes culturais, além de preservar conhecimentos e valores importantes para a história e a memória coletiva.
Nesse sentido, a reflexão sobre a incomportabilidade da tradição convida-nos a questionar e a analisar criticamente as práticas e valores que foram transmitidos de geração em geração, tentando identificar aqueles que são incompatíveis com os valores e princípios contemporâneos.
É possível, então, adaptar as tradições a novas realidades, sem perder a sua essência e a sua importância. Essa adaptação pode ser feita por meio de uma reflexão crítica, dialogando com as gerações anteriores em procurando um equilíbrio entre a preservação da tradição e a inovação necessária para enfrentar os desafios contemporâneos.
Por outro lado, a própria modernidade, que é um processo histórico que se caracteriza pela mudança constante e pela busca pelo progresso, pode levar à destruição de tradições. A modernidade transforma as estruturas sociais, económicas e culturais, gerando novas formas de pensar e de agir, o que pode ser visto como uma ameaça às tradições e às culturas locais.
Uma das formas como a modernidade destrói a tradição é por meio da substituição de práticas e valores tradicionais por outros considerados mais modernos e eficientes. Essa substituição pode ocorrer de forma voluntária, por meio da escolha individual ou coletiva de abandonar as tradições, ou de forma involuntária, por meio da imposição de novos padrões culturais e comportamentais.
Outra forma como a modernidade destrói a tradição é por meio da perda do sentido de comunidade e de pertença, que são fundamentais para a preservação das tradições. A modernidade valoriza a individualidade, a mobilidade e a flexibilidade, o que pode levar à fragmentação da sociedade e à perda de laços comunitários. Sem esses laços, as tradições perdem a sua importância e a sua relevância na vida quotidiana.
Além disso, a modernidade também pode gerar mudanças profundas na estrutura económica, social e política, que afetam diretamente as tradições. A urbanização, a industrialização, a globalização e a digitalização são alguns exemplos de processos modernos que podem impactar negativamente as tradições locais.
Assim, a reflexão sobre como a modernidade destrói a tradição deve ter em conta todas estas complexidades onde as tradições que são importantes e valiosas para a identidade e a memória coletiva devem ser preservadas, ao mesmo tempo que nos adaptamos às novas realidades e aos novos desafios da sociedade contemporânea.
Fotografia e texto: Sérgio Moreira
